06 novembro 2008

american story

Quando eu era pequeno, os Estados Unidos da América eram para mim o país perfeito, sinónimo de evolução, oportunidade, dinamismo. Passei muitas tardes a ver clássicos americanos, a viver repetidamente a representação do orgulho americano, a força de uma história que se propagava mais em ideais do que em séculos de consolidação. Acreditava vivamente nas palavras daquelas personagens e até tinha como objectivo secreto, para quando viesse a ser grande, estudar ou trabalhar nesse grande país, com essas grandes pessoas.
Entretanto cresci um pouco, e tudo mudou. Comecei a perceber que parte da estrutura da sociedade norte-americana é tão sólida e genuína quanto os cenários perenes de Hollywood. O sonho americano não é para todos, e implica comprovadamente o sacrifício silencioso dos mais fracos. Aquilo que, nos últimos anos, os norte-americanos permitiram ao seu país e aos seus ideais desilude-me terrivelmente. Eleger George W. Bush uma vez pode ser um engano; à segunda é uma opção. E hão de passar muitos anos, até que este povo se possa redimir dessa opção. A reeleição de Bush confirma, para mim, a aceitação pelos seus eleitores da sua forma de agir e falar. E o egoísmo presente nestas acções e palavras é demasiado grande para não enfraquecer, manchar por muito tempo a nobreza e valores dos ideais daquele povo. Bem sei que pela parte não se pode julgar o todo. O que me choca é que esta tenha sido a maior parte.
Ontem Barack Hussein Obama foi eleito Presidente dos Estados Unidos da América. Há meses que se antevia esta possibilidade, mas confesso que, da minha parte, havia uma grande descrença no juízo dos norte-americanos. Ainda não sei como se vai portar este senhor, mas a sua eleição é, sem dúvida, um sinal de mudança e, diria eu, de esperança. Espero que uma nova geração de ideais possa estar a conquistar aquele país. Let's see.

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